Amar é se libertar de regras?

Hoje li uma entrevista neste site na qual a psicanalista Regina Navarro Lins, autora de “O Livro do amor” (Ed. Best Seller), que se divide em dois volumes (“Da Pré-História à Renascença” e “Do Iluminismo à Atualide.”), afirma que uma relação nunca será plena se for baseada em um tipo de amor característico do século XX, que tem como base a posse e a fusão dos amantes em um só.
Aponta também que o padrão de relação há de mudar daqui para frente. Que os casais passarão a perceber que sexo não é corrente e não prende ninguém e que ser amado não é ser “de uso exclusivo” e, sim, ser respeitado, querido e desejado.

Ok. Vamos por partes.

Que construimos o amor com base nas nossas necessidades, é fato. Idealizamos a pessoa perfeita e, quando alguém se encaixa em alguns dos nossos parâmetros de perfeição, nos apaixonamos e tentamos nos enfiar goela abaixo que esta pessoa possui todos os requisitos do amor ideal… e é aí que tomamos no cu nos frustramos.

Para sustentar essa farsa, surge a posse e a necessidade de se transformar em um só. Muitos abandonam tudo (amigos, emprego, família – tenho experiência nisso!) em busca desse amor de rola que nunca será perfeito, porquê as pessoas não são perfeitas e não existe um amor perfeito.
É burrice se forçar a acreditar nisso. E é mais burrice ainda achar que dominar uma pessoa pode fazê-la se tornar um amor ideal.

Não vai.

Ainda que eu seja contra a ideia proposta por ela de que os amantes se frustram ao buscar a idealização do amor perfeito em pessoas imperfeitas, eu acredito, sim, que amar é compreender e aceitar até os defeitos da pessoa amada, desde que estes defeitos não sejam prejudiciais à nossa saúde!
A partir do momento que estes defeitos começam a cagar na rola pesar e trazer problemas, é, sim, hora de ligar o foda-se e cair fora.
Como digo sempre: ao menor sinal de dor, tire o cu da rola.
E vá buscar a felicidade em você, porque se a pessoa que você ama não respeita seu espaço e suas vontades, é porque você não se respeita o bastante para ser feliz!

E quanto ao sexo… bem…

Este é um capítulo à parte.

Como somos seres racionais inseridos em uma cultura, acho complicado julgar e categorizar a necessidade sexual.
A monogamia como padrão de relação é uma grande farsa, haja vista que só se sustenta pela tênue linha que separa a vontade da moral.
E o que é a moral sem a ética?

Nada.

Apenas um bando de palavras em vão.

E a ética depende de uma cultura e de um padrão social. Em resumo, acredito que a monogamia é um modelo aceitável para quem se sente feliz e seguro vivendo desta forma. E ponto. Não acredito (mesmo!) que a sociedade vá sofrer reviravolta alguma e que determinados modelos dominantes deixarão de existir.
Novos modelos, no entanto, surgirão e, de fato, enfrentarão os mesmos preconceitos que temos (e não me venha com a hipocrisia de que você não tem!) quando algo sai do nosso círculo cultural, ético e moral.
É natural voltar-se contra o desconhecido em face do medo que ele traz.

Relações poliamor sentem esse preconceito na pele e, mesmo que eu passe horas aqui explicando, aposto meu cu que muita gente ainda vai torcer o nariz simplesmente por não acreditar que possa existir um modelo fora do “padrão”.

E quem criou esse padrão?

Alguém com tanto preconceito dos modelos alheios que não suportou a ideia de que poderia estar errado e, por medo, enfiou na cabeça de todos que o diferente era errado…

…e está feita a merda até hoje.

Sabe qual é a regra, então?

Nem eu.

Vá ser feliz, amar como quiser e que se fodam os padrões de regras morais que sequer respeitam a ética e a cultura alheia.  😉

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